quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dia da Criança

Amanhã é dia da criança.


Convidamos os mais pequenos (e também os maiores) a 


estarem presentes no lançamento do livro "Patrulha Azul" no 


Palácio Ribamar.



terça-feira, 29 de maio de 2012

Lançamento do livro "Sob o Céu de Paris"

Não foi sob o céu de Paris, mas sob o céu de Lisboa que o livro "Sob o Céu de Paris" de Elisabete Caldeira e Jorge Campião foi lançado, no passado dia 26 de maio, na Biblioteca Municipal de São Lázaro.
A apresentação dos autores esteve a cargo de Susana Paulo Sousa e o livro a cargo de Andreia Varela - Alfarroba Edições.
Contámos também com a presença de Maria da Fé, autora do quadro que originou a capa do livro.





Entrevista a Ricardo Tomaz Alves, autor do livro "A Devota" no blogue d311nh4


Entrevista a Ricardo Tomaz Alves


1. Fala-nos um pouco sobre ti.

Ainda sou muito jovem e só agora comecei a conhecer-me. Acredito que uma pessoa possa levar uma vida inteira sem se compreender totalmente, sem conhecer todas as suas qualidades e defeitos, forças e fraquezas e, parecendo esta limitação humana um pouco triste é um factor que nos dá graça e torna imprevisíveis. Posso, no entanto, partilhar o pouco que sei sobre a minha pessoa. Sou calmo, caseiro, cinéfilo e extremamente pensativo (o que pode, por vezes, levar-me à soturnidade e melancolia). Extremamente sonhador, bem podia ter um quarto nas nuvens só para mim. Adoro tocar e criar música e considero-me criativo por natureza. Enfim, um rapaz com qualidades e defeitos, como qualquer outro, à procura de si.

2. Agora sobre o teu livro.

 “A Devota” conta uma história passada nos subúrbios e vila de Sintra, em locais secretos que desafiam a imaginação e que retratam a luta interior de uma jovem que terá de ultrapassar as difíceis fases da infância e adolescência enquanto enfrenta a luta interior de acreditar ou não no que lhe é dito e ensinado, enfrentando vários desafios à sua fé e psique.

3. De onde surgiu a ideia para esta história?

Sendo português, um país maioritariamente católico, não tendo a minha família fugido à regra, sempre ouvi, desde pequeno, que Deus vê e ouve tudo e que está sempre connosco, o que me levou a perguntar-me se estará presente nos nossos momentos mais íntimos e a que ponto será essa omnipotência e presença invasão e violação de privacidade, surgiu então a ideia de escrever uma história que abordasse este tema dramática e comicamente.

4. Já tens projectos futuros? Pretendes manter o mesmo género? Podes dar-nos uma luz do que virá?

Tenho escritos e prontos para publicação cinco livros, encontrando-me a escrever o sexto. Não pretendo ser um escritor de estilo único porque acabaria por oferecer sempre mais do mesmo ao leitor, mas antes do género multifacetado, explorando vários estilos e abordar várias técnicas, evitando a repetição e previsibilidade. Escrevi um romance fantástico, uma auto-biografia, um romance, um livro de contos e um ensaio, tendo regressado recentemente ao género romancista. Todos são especiais e importantes à sua maneira, oferecendo-me sensações diferentes de escrita e pensamento que espero poder transmitir ao leitor.

5. O que pensas da literatura portuguesa? Costumas ler? Achas importante apostar no que é nacional?

Penso que precisa de ser mais sustentada por parte das editoras, que parecem ter medo de apostar em novos autores portugueses. Acredito que existe talento e muitos escritores sedentos de o mostrarem. Qualidade literária não falta, apenas apoio. Acredito que se tal acontecer, a tendência em ler-se autores portugueses aumentará exponencialmente, tal como tem vindo a acontecer com a música nacional, que é cada vez mais ouvida. Tendo tanto para mostrar, é só darem-nos uma oportunidade. O autor que mais li até agora foi Saramago, se bem que Eça, Pessoa e Florbela Espanca não me escaparam. Tenho de admitir que há outros autores que merecem mais a minha atenção do que aquela que lhes tenho dado, mas já lhes prometi retratar-me dessa falha.

6. Autores que te inspiram:

Fiodor Dostoievski, José Saramago, Miguel de Cervantes, Oscar Wilde, R.L. Stine, George Orwell, Chuck Palahniuk, Franz Kafka, Stephen King.

7. Livros:

“D. Quixote de La Mancha”, “O idiota”, “Ilíada”, “O triunfo dos porcos”, “Retrato de Dorian Gray”, “Memórias de uma gueixa”, “Clube de Combate”, “Ensaio dobre a cegueira”, “Caim”, “Evangelho segundo Jesus Cristo”, “Onde vamos, papá?”, “Metamorfose”, “Os homens que odeiam as mulheres”, “A paixão de Maria Madalena”, “A luz”, “Carrie”, “Teleny”, “A volta ao mundo em 80 dias”, “Harry Potter”, “O senhor dos anéis”, “Arrepios”.

8. Filmes: 

“Fight Club”, “Drive”, “O Padrinho”, “Inception”, “O grande ditador”, “Donnie Darko”, “Old Boy”, “Forrest Gump”, “Dr. Strangelove”, “Laranja Mecânica”, “Full Metal Jacket”, “2001: Odisseia no espaço”, “The Departed”, “Raging Bull”, “Taxi Driver”, “A corda”, “Pulp Fiction”, “Sacanas sem lei”, “O bom, o mau e o vilão”, “Assassinos Natos”, “O estranho caso de Benjamim Button”, “Snatch”, “Rock N Rolla”, “A praia”, “Trainspotting”, “Irreversível”, “A vida é bela”, “O maquinista”, “O assassínio de Jesse James pelo cobarde Robert Ford”, “O feiticeiro de Oz”,       Casablanca”, “Harvey”, “Amadeus” e tantos outros.

9. Apelos ou agradecimentos que queiras deixar:

Apelo à fé nos novos autores portugueses, seja em que corrente artística for e agradeço àqueles que perdem algum tempo das suas vidas para me lerem e que acreditam no que faço e sobretudo naquilo que ainda posso vir a fazer.

10. O que achas do blog d311nh4?

É visualmente agradável, está bem organizado, as entrevistas estão bem estruturadas e são feitas questões pertinentes. As críticas são concisas e os passatempos são uma boa forma de manter os visitantes interessados e atentos.

Entrevista do "Tertúlias à Lareira" a Filipe Cunha e Costa, autor de "O Templo dos Três Criadores"


À Lareira com...Filipe Cunha e Costa


Fale-nos um pouco de si.


Uma tarefa ingrata à qual não escondo que me furto sempre que posso. Já me disseram que a melhor forma de me conhecer é através da minha escrita, visão que eu subscrevo integralmente. Em traços gerais, limito-me a constatar o óbvio, de que “não sou grego nem ateniense, mas sim mais um cidadão do mundo”.


“O gosto pela leitura e pela escrita manifestou-se desde muito cedo na sua vida”. Quais as suas memórias mais antigas relacionadas com este gosto?


O gosto pela escrita foi um gosto que se foi desenvolvendo ao longo dos anos, tendo passado por diversas fases, mas que olhando para trás consigo identificar uma linha contínua. Recordo-me bem que as minhas primeiras composições, escritas no âmbito escolar, nesse longínquo ensino primário, eram na altura, no âmbito das provas de língua portuguesa, os exercícios que mais ânimo e prazer me davam. E que já nesse tempo alimentava o sonho de vir a ter a “profissão” de escritor quando “fosse grande”.


Dedicou-se “à criação de textos sob a forma de prosa e poesia assim que entrou em contato com as primeiras letras e com o universo da palavra escrita”. Lembra-se de algum desses primeiros textos? Pode-nos falar um pouco sobre ele?


Lembro-me, efectivamente, do momento em que compus o meu primeiro poema, o que constituiu uma total novidade para mim, na medida em que todos os meus trabalhos escritos até então tinham sido em prosa, soba forma de composição. A poesia era ainda algo completamente novo. O título desse poema é “Primavera”, e nada mais do 3 quadras o compõem. Sem dúvida um momento que me marcou.


Tem um blogue, semjustacausa.blogspot.com. Quando e como surgiu este cantinho?


O “Sem Justa Causa” surgiu em Outubro de 2011, e consiste num projecto que, para ser justo, mereceria um acompanhamento mais contínuo da minha parte. Trata-se de um blog não subordinado a nenhuma temática específica, um espaço para textos de não ficção onde sempre que posso e me sinto inspirado vou escrevinhando observações sobre determinados temas, carimbando-as com um cunho pessoal, nem sempre actualizado tão regularmente quanto devia. Espero dedicar-lhe mais tempo nos próximos meses. De qualquer forma, ultimamente tenho prestado mais atenção a um blog bem mais recente – http://cronicasdelusomel.blogspot.pt/ – este inteiramente dedicado à saga “Crónicas de Lusomel”, do qual “O Templo dos Três Criadores” constitui o primeiro livro. As portas de um e outro estarão sempre abertas para quem os quiser visitar.


Publicou recentemente o seu primeiro livro “O templo dos três criadores”. Como surgiu a ideia de escrever um livro no género fantástico?


A ideia teve origem em 2009, quando comecei a criar o primeiro esboço do que viria a ser a minha história, tendo sido largamente desenvolvida em 2010 e finalizada em 2011. O livro insere-se, efectivamente, no espectro do Fantástico, o que, a meu ver, deve-se essencialmente ao facto de ser um género literário com o qual me identifico na qualidade de assíduo leitor, e de ter a tremenda capacidade de não se limitar às barreiras da realidade, extravasando-as, desconstruindo-as, e das suas cinzas ser capaz de criar algo de absolutamente novo. Começar a explorar esse tremendo espaço de liberdade foi só uma questão de tempo.


Em que se inspirou para a história e para as personagens?


Ao nível da história em si, acredito que ela tenha sido largamente influenciada pela generalidade das minhas leituras, mais especificamente, como é natural, pelos livros de Fantasia que já fazem parte do meu repertório. É às leituras que vou buscar grande parte da inspiração, e a influência que estes livros tiveram na construção do mundo que criei não pode ser menosprezada. As personagens em si mesmas consideradas foram também elas uma decorrência do mundo por mim criado, das suas características, natureza, ambiente, em suma, do seu código genético. Como actores principais desse novo mundo dado a conhecer, era fundamental que estivessem devidamente enquadrados e em sintonia com o mesmo. A mitologia também terá desempenhado um papel importante na construção de ambos. Isto apenas para nomear as principais influências, já que a maioria delas se manifesta de uma forma tão subtil, que muitas vezes nem nos apercebemos que trespassaram para o nosso trabalho.


Está a trabalhar no segundo volume da saga Crónicas de Lusomel. O que nos pode adiantar sobre a continuação da saga?


Neste momento estou empenhado em acompanhar o processo de amadurecimento deste primeiro livro, em testar qual o seu valor comercial e literário, ir recolhendo impressões e melhorar com elas. Mas naturalmente que tenho os olhos postos numa continuação, na qual já comecei a trabalhar, tendo em conta que este projecto foi desenhado para ter uma sequência. Como os leitores certamente notarão, a história que tenho para contar não termina na última página deste livro, e há muitas questões por responder deixadas para livros futuros. Assim, num próximo volume, espero dar desenvolvimento à história pegando no ponto em que a deixei, continuando no rumo traçado, aprofundando a intriga da acção e dando resposta às questões deixadas em aberto. No final, quero ter uma história coesa e coerente, sem deixar pontas soltas, que seja agradável e capaz de entreter.


Tem mais algum projeto em mente?


A continuação desta saga constitui, neste momento, o meu principal projecto literário em mente. Todavia, ainda este ano deverei vir a ter um outro texto meu publicado, mais concretamente um conto erótico de fantasia que foi admitido no concurso literário “Erotica Fantastica” levado a cabo pela Editora Draco em 2011, e que será publicado numa Antologia no final deste ano. Em relação ao meu livro recém-publicado, espero seguir de perto o seu trilho pelo mercado literário, receber críticas e aprender com elas, tomar contacto com os leitores, retirar o melhor que esta experiência me pode proporcionar. E venham de lá as novas ideias e desafios, estarei sempre disposto a abraçá-los.


Já escreveu vários géneros. Escreveu o poema “Os Dias” e o conto “Memórias de Alto-Mar”. Tem, no entanto, algum género com o qual se identifique mais?


Não. O que acontece é que me vou dedicando a cada momento ao projecto que sinto que estou mais inspirado e/ou motivado para explorar. A minha escrita já esteve vocacionada para cada um desses géneros, e por todas as fases que passou, proporcionou-me sempre um gosto enorme em escrever. Quero, acima de tudo, fazer por manter esta heterogeneidade.


Para terminar, deixe uma mensagem aos nossos leitores, verdadeiros fãs de literatura.


“Não há assuntos pouco interessantes, o que há é pessoas pouco interessadas” – (Gilbert Chesterton). Não limitem a vossa leitura. Sejam críticos acima de tudo. Boas leituras!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Hoje é dia do AUTOR PORTUGUÊS.

Hoje é dia do AUTOR PORTUGUÊS


A ALFARROBA é totalmente portuguesa!
Lusos, tugas, portugueses, somos desta terra e gostamos. A Alfarroba tem gente e gente que gosta de ser portuguesa e da nossa língua. Por isso trabalhamos em português e em Portugal, editamos histórias escritas em português, desenhamos e imprimimos livros em Portugal. Espalhamos as nossas palavras, as nossas histórias, pela nossa terra.


Parabéns a todos os nossos autores, que nos ajudam a fazer a árvore crescer e a ganhar "folhas que se querem ler".



Entrevista do "Tertúlias à Lareira" a Ricardo Tomaz Alves, autor de "A Devota"


À Lareira Com... Ricardo Tomaz Alves

Fala-nos um pouco sobre ti, como pessoa, jovem e músico.

Acredito que uma pessoa possa levar uma vida inteira sem se compreender totalmente, sem conhecer todas as suas qualidades e defeitos, forças e fraquezas e, parecendo esta limitação humana um pouco triste é um factor que nos dá graça e torna imprevisíveis. Posso, no entanto, partilhar o pouco que sei sobre a minha pessoa. Sou calmo, caseiro, cinéfilo e extremamente pensativo (o que pode, por vezes, levar-me à soturnidade e melancolia). Extremamente sonhador, bem podia ter um quarto nas nuvens só para mim. Adoro tocar e criar música e considero-me criativo por natureza. Enfim, um rapaz com qualidades e defeitos, como qualquer outro, à procura de si.

Escreveste o teu primeiro livro aos 12 anos. Sobre o que escreveste, na altura?

A história era baseada num videojogo que joguei na altura, o “Heart of Darkness” para a Playstation (passo a publicidade). O que fiz foi escrever a história do jogo e de alguma forma complementá-la com a minha imaginação. Lembro-me que deu bastante trabalho porque como não tinha computador escrevi à mão cerca de quarenta páginas. A minha professora de Inglês da altura pediu-me o manuscrito para ler e perdeu-o. Fiquei aborrecido e com pouca vontade de escrever tudo de novo, além de não ser algo a que me quisesse entregar na altura, deixando a escrita de lado.


Antes desse livro, já sentias o gosto pela escrita?

Lembro-me de no meu 5º ano de escolaridade a Professora de Língua Portuguesa mandar como trabalho de casa semanal a escrita de um texto criativo, que seria posteriormente lido para os colegas e de estes, aquando da minha primeira leitura, terem gostado bastante da história que ouviram. A partir daí, em vez de se disponibilizarem para ler os seus textos sempre que a Professora pedia um voluntário, preferiam escolher-me a mim para ler o que escrevera, para ouvirem. Desde então que percebi que talvez tivesse algum jeito para a escrita e sempre que me perguntavam o que queria ser respondia “escritor”. O gosto pela escrita era então uma realidade.

Qual a memória mais antiga que tens que envolva a leitura? E a escrita?

Tornei-me um leitor compulsivo com os livros juvenis de suspense e terror “Arrepios” que li e coleccionei durante a minha adolescência, pelo que posso considerar R.L. Stine a minha maior influência enquanto escritor, pela vontade que me deu de escrever e fazer algo do género. Quanto à memória mais antiga que envolva a escrita terei de dizer os tais textos das aulas de Língua Portuguesa do 5º ano.

Só voltaste a escrever aos 18 anos. Porquê uma paragem de 6 anos?

Tendo a minha professora de Inglês perdido o meu primeiro manuscrito, fiquei aborrecido e com pouca vontade de escrever tudo de novo, além de não ser algo a que me quisesse entregar na altura, por ter tantas outras distracções normais e próprias da adolescência. Era muito novo para me dedicar à escrita.

Escreveste "Rio Equilibrium – 1º volume". O que nos podes dizer sobre ele?

Posso dizer que é um romance fantástico sobre um híbrido de anjo e demónio que é esculpido numa Pedra Sagrada e trazido à vida com o intuito de restabelecer o equilíbrio da Terra.

Depois escreveste uma biografia. Agrada-te diversificares o teu género literário?

Não pretendo ser um escritor de estilo único porque acabaria por oferecer sempre mais do mesmo ao leitor, mas antes do género multifacetado, explorando vários estilos e abordar várias técnicas, evitando a repetição e previsibilidade. Escrevi um romance fantástico, uma auto-biografia, um romance, um livro de contos e um ensaio, tendo regressado recentemente ao género romancista.

Recentemente publicaste “A Devota”. Como surgiu a inspiração e a ideia para este livro?

Sendo Portugal um país maioritariamente católico, não tendo a minha família fugido à regra, sempre ouvi, desde pequeno, que Deus vê e ouve tudo e que está sempre connosco, o que me levou a perguntar-me se estará presente nos nossos momentos mais íntimos e a que ponto será essa omnipotência e presença invasão e violação de privacidade, surgindo então a ideia de escrever uma história que abordasse este tema dramática e comicamente. “A Devota” conta uma história passada nos subúrbios e vila de Sintra, em locais secretos que desafiam a imaginação e que retratam a luta interior de uma jovem que terá de ultrapassar as difíceis fases da infância e adolescência enquanto enfrenta a luta interior de acreditar ou não no que lhe é dito e ensinado, enfrentando vários desafios à sua fé e psique.

Tens algum projecto, na literatura, em mãos neste momento? Se sim, o que podes revelar para nos aguçar a curiosidade? 

Estou neste momento a escrever um novo romance que retrata a vida de um jovem desempregado que para além de comparecer às mais estranhas e mirabolantes entrevistas de trabalho experiencia novas sensações e conhece novas pessoas, entre elas duas mulheres que vão dividir e confundir-lhe o coração.

Numa palavra, o que a escrita significa para ti?

Sonho.

Também és músico e compositor. Mais uma vez, a escrita faz parte da tua vida. Como conjugas todos estes “amores”? (A vida pessoal, a musica, a escrita…)

Como a minha mãe sempre disse: “Há tempo para tudo, se o dividirmos bem” e, até agora, tem-se provado ser verdade. Tenho um horário laboral das 10h às 19h, ensaios com a minha banda às segundas e quartas e concertos num ou outro fim-de-semana. Para escrever, não tenho horários. Normalmente preciso de um dia inteiro livre para fazê-lo, porque é um processo que requer concentração, solidão e inspiração e em doze horas sou capaz de escrever quatro páginas ou nem isso. Às vezes tento obrigar-me, mas de pouco vale. Tenho mesmo de estar para aí virado e ainda bem que assim é. Na minha opinião forçar a escrita é um erro, pois acabamos por escrever coisas que não queremos e sem interesse que servem apenas para ocupar espaço e substituir texto que poderia ser de melhor qualidade. Se me sento em frente ao monitor e não me sai nada, prefiro escrever noutra altura do que estar a inventar algo sem nexo.

Como gostarias de “te ver” daqui a dez anos?

Nobel, com dois grammys e uma palma de ouro. 

No 5º ano, quando te perguntavam dizias que querias ser escritor. Hoje em dia, vês-te como tal? 

Vejo. Pelo que já escrevi e continuo a escrever posso considerar-me como tal. Não vivo da escrita e será muito difícil tal ser possível mas é uma constante na minha vida e espero que continue a ser por muitos anos.

Para terminar, o que gostarias de dizer aos nossos leitores, amantes de livros, apaixonados por uma boa leitura?

Que continuem a ler, procurando sempre mais e melhor na literatura e que dêem uma oportunidade aos escritores portugueses, aos quais não falta talento e dedicação. Leiam livros contemporâneos mas também os clássicos e variem os géneros, porque “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Obrigada, Ricardo Tomaz Alves

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Hoje é dia da Espiga

Dia da espiga ou Quinta-feira da espiga é celebrado no dia da 5.ª feira da Ascenção.

Segundo a tradição, o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
As várias plantas que compõem a espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso.


E é justamente uma história passada no dia da espiga que vos começo hoje a contar…Aproveitando o feriado do concelho de Mafra, na 5.ª feira da Espiga, os nossos amigos “Exploradores” preparam-se para participar no tradicional acampamento que todos os anos se realiza neste dia, junto à foz do rio Lizandro.“Os exploradores em defesa do rio”, a 5.ª aventura da coleção, começou a ser escrito em julho de 2002, tendo ficado concluído no dia 1 de novembro de 2003.Mais do que uma história sobre o dia da espiga, trata-se de um incentivo à preservação da natureza. Não percam…
Marina Santos


Exploradores na Biblioteca Municipal do Sobral de Monte Agraço

Foi há exatamente um mês que o “Clube dos Exploradores” deixou o seu concelho - Mafra - para visitar a biblioteca municipal de um dos concelhos vizinhos, o de Sobral de Monte Agraço. Aí, foi extremamente bem recebido pelos alunos do 6.º ano da Escola Básica e Secundária do Sobral de Monte Agraço, a quem apresentou e explicou a origem do projeto, as suas personagens, histórias e locais, tendo adorado responder a todas as questões que lhe foram colocadas. E tudo indica que este contacto irá continuar… ;-) Muito obrigada pelo convite e afeto, um enorme beijinho para todos.

Marina Santos



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Conto por Conto - Feira Livro Lixa

A autora do conto "A Tunda - Cemitério de Memórias" - Anabela Borges -, que integra o livro "Conto por Conto", esteve presente na Feira do Livro da Lixa para mais uma sessão de autógrafos.




Entrevista a João Paulo Santos



Eu já fui a outra

A autora Sofia Marrafa Amaral voltou à televisão desta vez na Querida Júlia - SIC para falar de "O karma de ser a outra."


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Para o ano há mais!

A Feira do Livro de Lisboa acabou! Para o ano há mais, se possível com menos chuva.
Foi um sobe e desce de sacos carregados de livros, sorrisos doces do açúcar das farturas e muitos olhares atentos à procura do próximo autógrafo.

A ALFARROBA volta a agradecer aos autores que se mostraram disponíveis para estarem presentes nas sessões de autógrafos e a todos os leitores e parceiros que nos procuraram para um dedo de conversa e leituras pausadas.




Os Exploradores foram à Venda do Pinheiro

Hoje, dia 12 de maio, a coleção dos Exploradores esteve com a sua autora - Marina Santos - na escola básica EB 2,3 da Venda do Pinheiro.
As sessões dirigidas ao 5.º ano, centraram-se no dia da espiga - feriado no município de Mafra - cuja a aventura "Os exploradores em defesa do rio" tão bem ilustrou, com as descrições do acampamento na foz do rio Lizandro e ainda com livros atribuídos para as três espigas mais originais.






sexta-feira, 11 de maio de 2012

Workshop de Escrita Criativa - Montijo

Vamos dar continuidade no mês de maio aos WORKSHOP ESCRITA CRIATIVA!

Desta vez será na vizinhança - Biblioteca PM Manuel Giraldes da Silva / Montijo.



Um outro registo da Feira do Livro Lx 2012

O nosso parceiro "O Nosso Mundo Sobrenatural" ofereceu-nos esta prenda e registo muito agradável, do que se passou no passado domingo na Feira do Livro de Lisboa.
Obrigada!


Entrevista a João Paulo Santos - Livros e Marcadores




1 - “Um tesouro maior” é a sua terceira publicação. Parece uma aventura aliciante. Que poderá o leitor esperar deste romance?

Penso que pode esperar uma história repleta de mistério. Uma história que vai surpreendendo até ao fim. É um livro que mostra o quanto a aventura alicia o ser humano em geral, mas que também tenta passar uma mensagem… Uma mensagem já tanto badalada mas que a humanidade teima em não escutar.


2 - Encontrei quatros elementos na divulgação do seu romance “Religião”, “Fé”, “Lar” e “Justiça”, como se encaixam estes conceitos na sua vida?

São conceitos que estão entranhados na sociedade. Acho que um lar e um mundo com justiça todas pessoas desejam e eu não fujo à regra. Quanto à religião e a fé as coisas são um pouco diferentes. São conceitos qua já não são importantes para todas as pessoas mas para mim são. A fé vive dentro de mim, a religião é importante, mas confesso que não sou muito dado aos costumes da minha religião.

3 – A poesia e os romances são dois amores conciliáveis ou um tem de se sobrepor ao outro, exigindo atenção exclusiva?

Não direi atenção exclusiva. Porém, escrever um romance requer outro tipo de disponibilidade e de muita paciência. Ao contrário da poesia, é algo muito demorado e que obriga a um seguimento do que escrevemos. Contudo não deixam de ser conciliáveis e nem têm que se sobreporem um ao outro.

4 - Como começou a escrever?

Ganhei o gosto da leitura devido a insónias. Enquanto jovem tinha imensa dificuldade em dormir. Aconselharam-me a ler, alegando-me que me iria cansar e ajudar a adormecer. Conselho sábio! Além de adormecer com mais facilidade ganhei o gosto pela leitura. Depois de muitos livros lidos achei-me capaz de escrever um também. Claro que não escrevi o primeiro romance com o objetivo de editá-lo. Fi-lo por prazer, depois as coisas foram acontecendo.

5 – Qual o escritor e obra que mais admira?

- Admiro mais livros do que propriamente escritores. E porquê? Porque são poucos escritores que conheço muito da sua obra. Vou lendo um livro deste escritor e outro daquele. Mas há um que admiro imenso, até porque já li toda a sua obra… José Rodrigues dos Santos.

Entrevista a Luís Miguel Raposo - Tertúlias à Lareira



Bom Dia e Bom Domingo.
Cá estamos nós para a nossa conversa de domingo. Ansiosos?
Hoje o nosso convidado é Luís Miguel Raposo, autor do livro "O teu relâmpago na minha paz", editado pela Alfarroba.



À Lareira Com...Luís Miguel Raposo, autor do livro "O Teu relâmpago na minha paz".

Fale-nos de si.


Sou natural de Almada e completei em Novembro quarenta anos. Sou licenciado em gestão de empresas com pós-graduação em marketing internacional. O mar e o surf são paixões já antigas. actualmente, costumo surfar sobretudo na Costa de Caparica, com um grupo fantástico de amigos que receberam muito bem o meu primeiro livro, «marés de inverno», editado em 2009, e aos quais sou devedor de uma sequela. Dois anos depois, foi publicado o «quando morreres vou amar-te», o meu trabalho mais complexo e intimista, e agora, pela Alfarroba Edições, «o teu relâmpago na minha paz». Sou fã de todas as formas de metal mais extremo e de música alternativa, mas o cd que mais vezes ouvi é o «koln concert», do Keith Jarret. Sou muito nostálgico em relação à minha terra e sempre que posso revisito os espaços e os amigos que me são mais queridos. Tenho um irmão, alguns anos mais velho, que vejo menos vezes do que gostaria. Gosto de acordar cedo, mas detesto despertadores. Gosto de escrever em lugares cheios de pessoas, mas irrita-me ser interrompido. Vi o «excalibur» dezassete vezes e li o «stonehenge» oito. Voltei recentemente a morar em Almada.

Lançou recentemente o livro “O teu relâmpago na minha paz”, o que o inspirou a escrever este livro?

A primeira ideia consistiu em expor um indivíduo muito formatado e arrumadinho, dotado de uma visão do mundo em redor dobrada pelos cantos e diminuída face ao todo, à cultura do surf, atirá-lo contra a cultura do surf e vê-lo partir-se em bocados, por assim dizer. Portanto confrontando-o de um modo enxovalhado e conflituoso, contrastando com o seu carácter de estante. Carla surgiu então como a causa para essa exposição. Contudo, à medida que ia escrevendo, assumiu outra dimensão e outro relevo, foi ganhado peso, gravidade, importância e presença que não antevi no início. Chego mesmo por vezes a pensar que «o teu relâmpago na minha paz» é um livro bipolar. Penso-o na medida em que ondula nesta confrontação como uma embarcação num mar nervoso de onde parece não haver retorno seguro. Tem traços comuns aos meus trabalhos anteriores, como a profusão de sentimentos e uma escrita emotiva, mas tem também uma vertente diferente e fresca, muito ritmada, cheia de peripécias, momentos lúdicos, até mesmo absurdos. A história passa-se em Almada, evoluindo entre lugares reais, como, por exemplo, o Covil, o New Cheers, o Acercadanoite. João Pedro, o protagonista, tem uma relação de estante arrumada com Vera, toda a sua vida organizada e um percurso profissional em ascensão. Certo dia conhece Carla e a sua vida começa a desmoronar. Todo o seu tempo é comandado por Carla. Conhece ainda Rita e em todos os seus pensamentos nenhum é capaz de resistir ao apelo de Rita.


A personagem principal deste livro, João Pedro, gosta de tudo arrumado. Revê-se neste personagem?


Uma certa faceta de mim, sim. Não o meu todo. Talvez o meu lado mais racional, sim, não mais do que isso. O João Pedro reduz a realidade, a percepção do que o rodeia e está para lá dos muros da compreensão imediata. Andou anos dissociado do primordial das coisas e das pessoas. Neste aspecto somos diferentes, divorcio-me dele daqui em diante. O meu lado mais emocional e sensorial move-se no extremo oposto.

Dos livros que já publicou, algum deles tem um significado mais especial?


Seria injusto, sobretudo para comigo mesmo, não reconhecer que todos os três têm significados especiais. Se assim não fosse não os teria escrito. De certeza absoluta têm significados diferentes, na medida em que foram escritos em fases diferentes da minha vida, com necessidades diferentes, anseios diferentes, relações e percepções diversas com o meio envolvente e com as pessoas próximas. Todavia, tenho uma relação mais especial com o «marés de inverno». O tema da amizade e das encruzilhadas da vida e das opções que tomamos defronte e que determinam o afastamento entre amigos mais do que qualquer outro obstáculo, o mar e o surf e, claro, o primeiro amor enquanto amor imutável, obsessivo, persistente e inultrapassável são-me raízes na vontade de querer contar histórias.

O que considera ser mais gratificante enquanto escritor?


Poder expor a desconhecidos sentimentos que doutro modo não revelaria sequer ao meu círculo mais estreito de relacionamentos. Poder silenciar os meus gritos interiores, as vozes na minha cabeça, numa folha de papel, sufocá-los com tinta. Ouvir os relatos dos leitores sobre como os meus livros os tocaram, o que pensam deles, da minha escrita, da forma como me expresso, o modo como relacionam certo personagem, certo acontecimento, certo gesto com eventos das suas próprias vidas. O retorno é das coisas mais maravilhosas da literatura. e, finalmente, as pessoas maravilhosas que conheci graças aos meus livros, em particular um vasto grupo de surfistas que certo dia, quando eu chegava ao carro depois de uma sessão matinal de surf, se me dirigiu a perguntar se eu não era o autor do «marés de inverno». Assinei alguns exemplares nesse mesmo dia, mas mais importante fiz novos amigos que ainda hoje fazem parte da minha vida.

E mais frustrante?


Expliquei numa entrevista recente por que não me considero escritor. Não vou forçar aqui a repetição das razões. Será suficiente dizer não me considero escritor. E porém escrevo. E tenho com isso hábitos e necessidades de quem escreve. Frustra-me o embate destes hábitos, o empenho e a dedicação com que escrevo, com a leviandade com que as pessoas que me rodeiam encaram a escrita, como se a produção intelectual fosse uma espécie de ócio deslavado que está no fim da lista das prioridades do quotidiano.
Ainda me frustra a forma como certas pessoas pensam que me conhecem a partir do que escrevo, colocando-me numa espécie de pedestal ou numa ala de vilões conforme o livro que leram e o personagem que escolheram para a associação. Tive já oportunidade de dizer que os meus personagens são muito mais interessantes do que eu.
Dada a distância do meu jeito de escrever para os jeitos mais abundantes, é igualmente frustrante reconhecer o reduzido interesse das grandes editoras por formatos, digamos, alternativos.

Como autor português, sente que são pouco divulgados e lidos?


Não analiso a cena literária, nem pretendo fazê-lo, e não tenho fundamento para ser exacto na resposta. Todavia, o que é evidente e não parece carecer de análise é que os grandes grupos editoriais constroem um ou dois escritor a cada dois ou três anos e investem tudo na sua manutenção durante longos períodos, na maioria dos casos muito mais do que o valor literário da obra produzida parece justificar. Posto isto, é claro que não sobra orçamento para os demais que lutam no lodo por um pedaço de terra seca e onde existe tanto potencial por expor. São opções e o valor literário não está no topo dos critérios. Os leitores lêem o que as editoras querem que leiam. O próprio nome de um dos maiores grupos, o tal de que se diz matou a genuinidade literária e o acesso dos novos autores ao mercado, é bastante exemplificativo... e imperativo, de certo modo, afrontoso. Podes escrever o mais belo livro de sempre, mas ninguém vai lê-lo se as editoras não quiserem.

O que a escrita significa na sua vida?

Não devo nada à escrita nem a escrita deve a mim. Escrevo pelo prazer de escrever. Para aplacar os meus medos e dar estrada aos meus risos para que cheguem a lugares onde possam provocar risos e assim terem continuidade. Sim, choro e rio a escrever. Como escrevo maioritariamente em locais públicos, enfim, já deve haver um bom punhado de gente que duvidou da minha sanidade aqui ou ali. Tenho esperança de um dia vir a encarar de um modo mais sério a escrita, não no meu empenho, na abrangência de potenciais leitores. Não sei ainda porém como fazê-lo sem subverter o que hoje me motiva a escrever.

Indique-nos um dos livros que considera dos melhores livros que já leu, um dos seus preferidos.

Bem, só pode ser o «Stonehenge», do Bernard Cornwell. aconselho a toda a gente.

Tem algum escritor como inspiração?

Não, procuro inspiração na realidade mais simples das coisas e das relações humanas. Vou portanto vasculhar no mundo em redor, nas memórias e nos lugares sensoriais dentro de mim a matéria para escrever. Podem até ser histórias de outros, como, por exemplo, o «quando morreres vou amar-te», que nasceu de uma história imaginada pela Maria José Caiola. Escrevo sobre o que me incomoda e o que me fascina, sobre o que observo e do modo como interpreto o todo que me permeia e permanece em mim a exigir-me palavras que o descrevam.

Deixe uma mensagem aos nossos leitores, cada vez mais interessados na leitura e nos autores portugueses.

Há extraordinários autores portugueses e extraordinários livros fora do formato mainstream dos destaques das livrarias. Procurem, abram, corram algumas folhas, digiram algumas linhas, descubram, descubram... e levem-nos para casa. Raro a beleza se encontra imediatamente atrás da porta. só no dicionário a beleza está antes do vestíbulo. Entrem no âmago da literatura e montem aí a tenda das leituras. Deixo o meu email luis.m.raposo@hotmail.com e o meu perfil no facebookhttps://www.facebook.com/#!/luis.m.raposo caso queiram entrar em contacto comigo.

Obrigada Luís Miguel Raposo

Entrevista a Célia Loureiro: Os Livros Nossos



Como prometido, vamos então dar início a entrevistas com escritores,
editores e bloggers ou críticos ligados ao mundo da literatura.


     Para iniciar esta rubrica do nosso blogue, começámos por entrevistar a escritora Célia Correia Loureiro, autora do livro "Demência" cuja revisão/crítica tivemos oportunidade de fazer aqui no blogue, após leitura integral da obra.

    "Demência" com a Chancela Alfarroba Edições é um romance que ultrapassa largamente os estereótipos de género literário usualmente associados esta classificação.

Entrevista conduzida por: Isabel Alexandra Almeida – Autora e Coordenadora do Blogue Os Livros Nossos

1)- Célia, com que idade começou a sentir a necessidade de escrever? Alguém especialmente a motivou a escrever?
Nunca houve um momento em que eu me sentasse e dissesse "quero ser escritora", ainda hoje não digo isso. Mas sempre achei que tinha qualquer coisa a dizer, e a liberdade máxima só poderia advir da minha possibilidade de criar o que quisesse. A escrever nunca ninguém me motivou, nem nunca tive uma professora a dizer-me que tinha muito jeito para a escrita nem nada do género. Mas a ler sim, tenho uma prima que me pôs a ler desde cedo e eu vi um mundo de possibilidades abrir-se à minha frente. Sempre preferi um mundo inventado a este e vivo-o através dos livros e da escrita desde cedo. A minha memória mais antiga da "criação" de uma história é de antes da primária, porque só dispunha de uma caneta de feltro preta, que se comprava avulso na papelaria, e com a qual pintava cenários e os sobrepunha, como pequenas histórias povoadas de animais, princesas e bruxas. Teria quê? Quatro anos? Depois, escrever mesmo, só aí aos 12 é que comecei a enveredar por enredos mais complicados.
2)- Além de escritora a Célia é também leitora aficionada e tem um blogue de opinião literária http://castelos-de-letras.blogspot.pt/ - na sua opinião, a que factores se deve a menor apetência de muitos jovens para a leitura?
Eu uma vez li que a informática, ao facilitar o armazenamento de dados, retirou à mente humana essa necessidade. Há uma ou duas gerações atrás, recitavam-se poemas de cor. Hoje em dia saber-se o número de casa de cor é um milagre, acreditamos sempre que haverá qualquer suporte à mão que nos alivie a tarefa de saber as coisas de cor. Além disso, hoje em dia existem mil e uma maneiras de transportar um jovem para outras realidades. A internet, os filmes, as consolas de jogos, etc, etc. No meu tempo, um livro ainda era uma promessa de entretenimento. Hoje é preterido a outras distrações mais aliciantes e que exigem menos dos jovens. Um livro é uma viagem solitária e, por vezes, acidentada. Parece mais tentador - embora menos gratificante - resumi-lo a uma hora e meia de filme com a família.
3)- Quanto tempo demorou a escrita do seu Livro “Demência”?
O Demência foi escrito entre 2009 (Outubro, creio) e Julho de 2011. Demorou este tempo porque fiz uma grande pausa pelo meio. A vontade - e a inspiração - costumavam vir-me em períodos específicos do ano. Geralmente, era sempre depois das férias do verão. Quando regresso à rotina, quando o sol começa a fugir para o hemisfério sul, é quando fico mais atenta, mais sensível ao que se passa em redor e, consequentemente, é quando sou capaz de me expressar melhor. O Demência sofreu várias interrupções e depois foi terminado de um sopro.
4)- No seu livro, a Célia promove a reflexão sobre temas tão importantes como a violência doméstica, a degradação física e psíquica gradual associada ao envelhecimento, o isolamento de algumas populações do interior do País. Como é que a Célia se documentou para retratar com tanto detalhe e realismo o ambiente de uma aldeia?
Quanto ao ambiente de uma aldeia, não tive de fazer pesquisa alguma. Só tive de pegar nas minhas memórias de infância e adaptá-las à gravidade que as situações poderiam adquirir quando se trata de questões mais sérias do que aquelas com que uma criança lida. Eu sempre adorei o campo e sempre fui muito observadora em relação ao seu ambiente. Porque era o absoluto oposto daquilo a que eu estava habituada. Sempre fiquei meio assombrada por ver o modo como o ambiente condiciona crenças, modos de vida, costumes, superstições, o próprio certo e o errado. Sempre lhes invejei a liberdade, também. Aquelas pessoas estão cingidas a um pequeno espaço, que assume assim a dimensão do mundo inteiro, e circulam nele como se circulava quase há séculos atrás. Acho que esse modo de vida é digno de respeito, acarreta outros saberes, outras aptidões, que por aqui se perdem. A tradição do dia das bruxas, por exemplo, é mágica para mim até hoje! A procissão ao cair da noite, as abóboras recortadas e os olhos iluminados pela vela no interior... Para além desta aldeia da minha avó, já passei por outras. Sentar-me ao lado de um velhote, no largo da sua aldeia, é como entreabrir um livro de etnologia, de história, de vida. Guardo boas memórias de muitos velhotes que admirei. Um deles, por exemplo, foi uma senhora algarvia, numa aldeia minúscula, que se sentou ao meu lado no largo. Estava preocupada e perguntei-lhe o que se passava. Ela disse que estava aesquecer-se das coisas. Foi um momento de desabafos angustiantes. Deu uns quantos exemplos de situações do dia-a-dia que estavam a ocorrer. Arranjei um papel e uma caneta na casinha mais próxima e escrevi-lhe o nome da doença da minha bisavó. Dei-lho e pedi-lhe que se se lembrasse dele, o desse ao seu médico no dia seguinte. Alzheimer.
5)- O título “Demência” foi algo provisório que se converteu em definitivo e é anterior ou posterior à finalização da obra?
«Demência» foi a primeira palavra que eu escrevi naquele manuscrito, como título. Fiquei muito feliz quando vi que a sua crítica entendeu que eu me propus a escrever algo que viesse associado ao entendimento popular desta palavra - e não exactamente ao termo científico, embora a Olímpia tenha Alzheimer. A loucura no livro, aquilo que o povo associa a demência, é a visão limitada por uma falsa moralidade da maioria dos aldeões que vivem naquela aldeia.
6)- Considerando o processo criativo literário, a Célia escreve a um ritmo diário ou pontual, aquando de golpes de inspiração?
Não sou uma pessoa disciplinada - em praticamente nada na vida. Recuso-me a fazer fretes. Assumo responsabilidades mas não sou capaz de me obrigar a ser infeliz para as cumprir. E não quero encarar a escrita como um frete. A escrita é uma escapatória, uma salvação, é liberdade absoluta e tem-me feito feliz de inúmeras maneiras. É um autêntico bálsamo para os males do dia-a-dia. Por isso, embora agora ande a escrever com muito mais frequência, não tenho hora marcada. É quando me surge a ideia que me sento a registá-la. Esteja em casa, num transporte público ou, em tempos, na própria sala de aula. É meu direito ausentar-me para dentro de mim, se nada de maior exigir a minha presença.
7)- Sente que ainda existe um pouco a ideia pré-concebida, entre a maioria dos leitores, segundo a qual um autor estrangeiro é melhor do que um autor Português? Em caso afirmativo, a que se deve tal preconceito, e como pensa que se poderá começar a alterar tal visão das coisas?
Lamento dizer que essa ideia existe e eu partilho dela. Mas também, o que é distinguir um autor desta nação de todos os autores de todas as outras nações? É evidente que a maioria ganha. Infelizmente a escrita portuguesa baseia-se, geralmente, nos modelos literários exteriores, que fazem sentido para esses mesmos estrangeiros, mas que depois constituem uma fraca imitação deles para nós. Mas temos bons escritores, não haja dúvida disso.
8)- Que conselho daria a quem deseje começar a aventurar-se pelo mundo da escrita? Por onde deve começar um candidato a escritor?
Acho que tem duas óptimas opções: escreva sobre algo que ele saiba muito bem e preste-se a apresentar isso aos outros, sem grandes ambições de ser grande. Seja do tamanho que é e tente ser o melhor desse tamanho. Ou então escreva sobre algo que ele crie de raiz e que queira igualmente apresentar aos outros. Não pegue em nada só porque lhe parece que é sobre isso que se quer ouvir falar. Crie novos pontos de interesse, dinamize e reclame a atenção dos leitores para algo que só ele possa oferecer.
9)- Já está a escrever o seu próximo livro, qual o género literário da sua próxima obra? Quer levantar um pouco a ponta do véu para os nossos leitores?
Tenho dois romances terminados entretanto e estou a escrever um novo. O primeiro será publicado este ano, se tudo correr como previsto. É um pouco mais cor-de-rosa do que o Demência, mas também é um desvendar de situações negativas. Falo um bocadinho de política (Estado Novo) e de questões sociais como o suicídio, a deficiência e a pedofilia. Mas o tema central é um casamento disfuncional e uma mulher que não nasceu para ser mãe. É graças a essa personagem central que os males se vão desenrolando ao redor. O livro que estou a escrever agora é um romance histórico. Escolhi a época das Invasões Francesas (Napoleónicas é mais fiel à perspectiva política da época) e estou a adorar investigar tudo sobre a altura. Li a Gazeta de Lisboa, jornal de época, consegui que me digitalizassem um capítulo de um diário e mo enviassem da Austrália, sobre uma inglesa que viveu no Portugal dessa época, mergulhei na literatura da época, estudei os costumes e os trajes e etc., assim como políticas e economia e religião e a cada página que avanço na escrita vou também mais a fundo na pesquisa. Estou a adorar estar ausente daqui, por terras do Porto, em 1809
10) – Para finalizarmos esta breve entrevista, o que é para si o acto de criação de uma obra literária?
É um exercício de arquitectura. O psicólogo de desenvolvimento da minha escola aconselhou-me a seguir arquitectura, disse que tinha um óptimo raciocínio espacial. Concordo com a última parte, mas ele falhou num ponto: eu não sei porque é que dois e dois são quatro e geometria descritiva é-me tão indecifrável quanto os antigos hieróglifos egípcios. Mas sinto-me uma arquitecta à mesma. Concebo pessoas, edifícios com estilos artísticos específicos, vou até à complexidade do sentido das histórias de vida, e à subtileza das intenções disfarçadas. O acto de criar um livro é um ensaio vivo de arquitectura, e o suporte é o livro, o esquadro é a imaginação.
Deixamos também o convite para o blogue literátio da autora Célia Loureiro - Blogue Castelos de Letras - de Célia Loureiro